Eng. Software – Gestão estratégica de TI – Planejamento estratégico
O Conceito de estratégia
Diante da acirrada concorrência e porque não dizer da complexidade no cenário empresarial, pautado pela globalização e compra/fusão, as empresas buscam entender e implantar ferramentas e técnicas que ajudem no processo gerencial, especialmente no planejamento e tomada de decisão.
Nesse contexto surge a eminente necessidade de criarem estratégias eficientes, focando a competitividade.
Ao planejar, os gestores estabelecem um conjunto de objetivos a serem alcançados, em um momento futuro.
Conforme ilustrado na figura a seguir, a estratégia representa os meios necessários para atingir os objetivos, consiste em estabelecer os caminhos e a distribuição dos recursos para atingir os objetivos.
Em outras palavras, estratégia é a forma de alcançar, no momento futuro, os objetivos definidos no momento presente, considerando a situação atual e os obstáculos.
Assim sendo, podemos concluir que as estratégias são definidas:
- Após a definição dos objetivos;
- Com base na identificação dos recursos necessários para este fim;
- A partir do conhecimento dos recursos existentes e, também, dos que devem ser providenciados;
- Com base em fatores externos que podem influenciar na concretização do que foi planejado.
A arte de gerar valor para a empresa
Estratégia pode ser considerada como a arte de gerar valor para a empresa, uma forma de aplicar seus recursos e aproveitar as oportunidades do mercado para alcançar os objetivos de longo prazo.
Estratégia tem a ver com:
- O futuro na medida em que projeta o que se quer mais adiante.
- O ambiente interno, que agrega as forças e fraquezas da empresa.
- O ambiente externo, que considera as oportunidades do mercado e as ameaças a que a empresa está sujeita.
Conceito de Planejamento Estratégico
O planejamento estratégico empresarial define os objetivos e a missão organizacional, bem como as maneiras de atingi-los (a estratégia).
A definição da missão da empresa é preponderante no seu posicionamento estratégico.
Definir a missão depende da conjugação dos seguintes elementos:
- O que: As necessidades do consumidor – o que está sendo atendido;
- Quem: Os grupos de consumidores – quem está sendo atendido;
- Como: As tecnologias usadas e funções executadas – como as necessidades dos consumidores estão sendo atendidas.
A missão é a especificação da razão de ser da empresa, ou seja, o porquê de sua existência, sendo pontuado: o que a empresa produz, previsão de conquistas futuras e como espera ser reconhecida pelos seus stakeholders.
Estratégias que fundamentam o planejamento estratégico empresarial
As estratégias que fundamentam o Planejamento Estratégico Empresarial são, em geral, de longo prazo, abrangem a empresa como um todo e são linhas sintéticas de ações, que são desdobradas de mais detalhadas nos níveis seguintes (tático e operacional), conforme ilustra a figura.
A quantidade de anos que caracteriza o longo prazo é definido conforme as características do negócio e varia, portanto, de empresa para empresa. Na média, o termo longo prazo corresponde a períodos de 3 a 5 anos, com revisões de 1 ou 2 vezes ao ano, salvo situações de emergência que requerem intervenção imediata.
Conforme ilustrado pela figura, em nível estratégico o planejamento se desdobra em dois degraus:
O planejamento estratégico (PEI), que define as estratégias do negócio, da empresa como um todo e o planejamento de cada unidade funcional (PETI – para a área de TI), alinhado ao planejamento estratégico global.
Havendo, posteriormente, os devidos desdobramentos para os níveis tático (planejamentos táticos – PDTI) e operacional (planos de ações mais detalhados). O alinhamento entre os níveis é fundamental para a integração da empresa.
Passos do planejamento estratégico
O planejamento estratégico, pode ser definido como o processo de definir os objetivos e a missão organizacional e as maneiras de atingi-los; estabelece os produtos e serviços oferecidos pela organização, os mercados, clientes e maneiras de lidar com os concorrentes.
Pode ser entendido como a conjugação de respostas a quatro perguntas, conforme ilustra a figura sobre os passos do planejamento estratégico que você verá mais a frente.
- Na medida em que nos preocupamos com o “Quem Somos?”, permite que se defina os objetivos e o caminho que a Direção da empresa deve tomar com base na missão da empresa.
- O segundo questionamento, “Onde estamos hoje?”, nos leva a analisar o ambiente em que a empresa está inserida (externo) e o seu ambiente interno. No ambiente externo nos preocupamos em maximizar as oportunidades e minimizar as ameaças. No ambiente interno identificamos os pontos fortes que devem ajudar na maximização das oportunidades e os pontos fracos para podermos minimizar os efeitos das ameaças.
- O terceiro questionamento “Para onde vamos?” nos leva à definição das estratégias, que nortearão as unidades de negócios das empresas, que uma vez desdobradas nos levam aos planos estratégicos, onde as estratégicas são formuladas com a resposta ao quarto questionamento: “Como chegaremos lá”?
As estratégias podem existir em três níveis: corporativo, que abrangem as estratégias da empresa como um todo, para que de uma forma global ela atinja os seus objetivos; processos ou negócios, que são estratégias estabelecidas nas unidades de negócios ou para determinado produto (bem e/ou serviço) ou processo de negócio, visando uma melhoria específica, uma demanda emergencial, ou maior competitividade, entre outros fatores; funcional, que abrange as estratégias adotadas por uma área funcional específica, tais como: finanças, marketing e gestão de pessoas; que visam a melhoria do desempenho funcional, a modernização dos processos de trabalho, a implementação de diferenciais que contribuam para a performance organizacional, entre outros motivos.
Conceito de gestão estratégica
A gestão estratégica objetiva gerir a empresa como foco em ações estratégicas em todas as áreas, visando garantir que as estratégias definidas sejam acompanhadas, analisadas e realinhadas, se necessário, por meio de um processo sistemático e eficaz.
Conforme a ilustração a seguir, Gestão estratégica é composta de quatro etapas. Observe:
Análise SWOT
O termo SWOT é inglês, sendo formado pelas iniciais das palavras Forças (Strengths), Fraquezas (Weaknesses) Oportunidades (Opportunities) e Ameaças (Threats). É umas das ferramentas de gestão empresarial, mais usadas em planejamento estratégico, especificamente em sua segunda e terceiras etapas, conforme ilustração anterior sobre “Os passos do Planejamento Estratégico”, para análise do ambiente organizacional e formulação das estratégias.
A Análise SWOT, conforme ilustrado na figura, é realizada com o intuito de formular estratégias a partir dos levantamentos e análises que são realizados nos ambientes organizacionais (interno e externo), onde são identificados os pontos fracos e fortes da organização (ambiente interno), bem como as oportunidades e ameaças existentes para o seu funcionamento (ambiente externo).
A analise SWOT busca:
- utilizar ao máximo as forças internas, melhorar ou corrigir suas fragilidades (pontos fracos);
- aproveitar as oportunidades ambientais da melhor maneira, como também proteger-se das ameaças externas.
Pois, as forças (internas) e as oportunidades (externas) ajuda e impulsionam a empresa. Já as fraquezas (internas) e as ameaças (externas) atrapalham a empresa.
Análise SWOT
Conforme você pode observar na matriz contida na figura anterior, existem quatro áreas (quadrantes) onde ocorrem os cruzamentos dos pontos fracos e fortes com as oportunidades e ameaças, que permitem a identificação dos seguintes posicionamentos estratégicos:
Pontos fortes x Oportunidades
- Estratégias ofensivas
- (alavancagem da empresa)
- seus pontos fortes podem ser utilizados para aproveitar as oportunidades identificadas no ambiente externo.
Pontos fortes x Ameaças
- Estratégias defensivas
- (pode indicar vulnerabilidade)
- seus pontos fortes devem ser utilizados para neutralizar as ameaças identificadas no ambiente externo.
Pontos fracos x Oportunidades
- Estratégias de melhoria
- (pode indicar limitação)
- existe deficiência na atuação ofensiva da organização, seus pontos fracos dificultam ou impedem a organização de aproveitar as oportunidades existentes nos ambientes externos.
Pontos fracos x Ameaças
- Problemática
- Estratégias de recuo, para resguardar a organização
- existe uma atuação vulnerável da organização, seus pontos fracos limitam a capacidade de defesa da organização às ameaças provenientes dos ambientes externos ou até mesmo acentuam os seus efeitos.
Conheça a seguir alguns exemplos de pontos fracos e fortes, ameaças e oportunidades.
Observe que existem pontos como novas tecnologias que tanto podem ser ameaças, na medida em que, por exemplo, essa tecnologia surge e a empresa não está possibilitada de agregá-la ao seu negócio, como podem representar oportunidades na medida em que a nova tecnologia agrega valor ao produto ou serviço prestado pela empresa.
O mesmo acontece com mudanças demográficas, políticas, sociais e econômicas, que ora podem representar ameaça, ora oportunidade, conforme a mudança e o posicionamento da empresa no mercado.
Oportunidade
- Mudanças demográficas, políticas, sociais e econômicas.
- Mudanças na legislação.
- Novas tecnologias.
- Abertura de mercados estrangeiros: Mercosul, Alca.
- Concorrentes com dificuldades.
- Produtos substitutos.
- Parcerias com distribuidores e fornecedores.
Forças (internas)
- Criatividade da equipe.
- Velocidade na tomada de decisão.
- Recursos financeiros abundantes.
- Marca reconhecida.
- Domínio da tecnologia.
- Reconhecimento no mercado, boa imagem.
- Logística e distribuição eficientes.
Ameças (externas)
- Alteração nos gastos e hábitos dos clientes.
- Novas tecnologias.
- Mudanças demográficas, políticas, sociais, econômicas.
- Declínio do produto, ciclo de vida.
- Globalização dos mercados com novos concorrentes.
- Produtos substitutos.
- Novas parcerias entre concorrentes.
Fraquezas (internas)
- Custos elevados
- Administração centralizada e lenta.
- Inexistência de planejamento estratégico.
- Falta de flexibilidade.
- Prazo de entrega longos.
- Preços altos.
- Qualidade dos produtos que deixa a desejar.
ATENÇÃO
É importante saber que:
- As Forças devem ser mantidas, aumentadas ou reforçadas.
- As Fraquezas devem de ser minimizadas ou eliminadas.
- As Oportunidades devem ser priorizadas e aproveitadas.
- As Ameaças precisam ser controladas, minimizadas e se possível eliminadas.
Finalizada a análise SWOT, chega o momento de formular as estratégias com base nos posicionamentos identificados.
BSC – Balanced Scorecard
Uma vez efetivada as estratégias e definidos os planos estratégicos, táticos e operacionais, sejam eles corporativos ou de uma unidade, é preciso que acompanhemos , monitorando e avaliando, para garantir a obtenção dos resultados, conforme vimos anteriormente no tópico Conceitos de Gestão Estratégica.
Dentro desse contexto, uma das ferramentas mais usadas é o BCS – Balanced ScoreCard, que traduz a missão (objetivos) e a visão (onde a empresa quer chegar) das empresas em um conjunto abrangente de indicadores de desempenho que serve de base para um sistema de medição estratégica.
O adequado uso do BSC permite que sejam identificadas quais atividades críticas na empresa estão gerando valor para os acionistas, clientes, colaboradores, fornecedores e para a comunidade.
O BSC foca as medições em quatro perspectivas, conforme ilustrado na figura a seguir e detalhado na sequência.
As 4 perspectivas do BSC
Devem ser criados indicadores para cada uma das perspectivas. Veja.
Financeira – monitora se a estratégia da empresa está contribuindo para a melhoria dos resultados financeiros, em especial o lucro líquido, o EBITDA, o ROI, a criação do valor econômico e a geração de caixas.
Indicam se a estratégia está ou não produzindo os resultados esperados pelos acionistas. Serve ainda como meta para a definição de objetivos e medidas para outras perspectivas.
Do Cliente – visa monitorar como a empresa entrega valor ao cliente-alvo. Em geral são definidos os seguintes indicadores em relação aos clientes: satisfação, retenção, captação, lucratividade e participação do mercado.
Dos Processos Internos – Os indicadores de perspectiva dos clientes e dos acionistas devem estar bem sustentados pelo processos internos, logo essa perspectiva foca os processos críticos para a realização dos objetivos dessas duas perspectivas.
Os processos devem possibilitar que a organização ofereça propostas atraentes e de valor ao cliente, capazes de retê-los em seus segmentos de atuação e ainda criar valor aos acionistas.
Por exemplo, em instituições focadas nas classes C e D, o valor da mensalidade é estratégico e dessa forma os processos de redução de custos são relevantes e precisam ser medidos e acompanhados.
Da Aprendizagem e Crescimento – A capacidade de aprendizado é fundamental para a empresa crescer e tornar-se cada vez melhor.
São necessários investimentos em tecnologia, pesquisa e desenvolvimento e principalmente nos recursos humanos da empresa.
Essa perspectiva deve viabilizar as 3 anteriores.
Mapa Estratégico
Os objetivos estratégicos interligam-se em relações de causa e efeito, que são mostradas nos mapas estratégicos, conforme ilustrado na figura a seguir que permitem comunicar a estratégia para os participantes da organização.
Visão: “Tornar-se líder do mercado”
Medidas ou Indicadores
Conforme ilustrados na figura, os indicadores permitem avaliar se as atividades e as ações estão em conformidade com os objetivos da organização e progredindo conforme as expectativas. Para cada perspectiva devem ser definidos os indicadores que serão usados para monitoramento e avaliação.
Metas
Conforme ilustrado na figura a seguir, após definirmos os indicadores, precisamos estabelecer as metas para cada um delas, para que tenhamos parâmetro de comparação com cada indicador, em dado momento.
Permitirá avaliar a evolução da empresa como um todo, de uma unidade de negócios específica, de uma área funcional relativamente a aquela métrica.
PARA SABER +
Para saber mais sobre o Planejamento Estratégico, leia os textos indicados
- Case: Analisando um investimento de TI com o modelo SWOT.
- PDTI do Governo Federal (2011, 2014) – Governo Dilma Rousseff). (não online)
- PDTI do ministério do esporte – triênio 2013-2015 (gestão do ministro Aldo Jose Aldo Rebelo Figueiredo).
- http://www.esporte.gov.br/arquivos/institucional/PDTI20132015.pdf
Iniciativas
Conforme ilustrado na figura a seguir, iniciativas são as ações a serem realizadas pela empresa, nas quatro dimensões do BSC, para alcançar os objetivos estratégicos. As iniciativas devem ser classificadas em função do impacto (curto, médio e longo prazos) no fortalecimento da posição estratégica da empresa.
Referências
Base: Pós em Engenharia de Software – Estácio (EAD), com várias adaptações e melhorias.
ALBERTIN, Alberto Luiz; MOURA, Rosa Maria de (Org.). Tecnologia da informação. São Paulo: Atlas, 2007.
ARAGON, Aguinaldo Fernandes; FERRAZ, Vladimir Abreu. Implantando a governança de TI: da estratégia à gestão dos processos e serviços. Brasport, 2006.
Exercícios de fixação
Lista de Exercícios de Gestão estratégica de TI – Lista 1
Eng. Software – Gestão estratégica de TI – Planejamento estratégico