Notícia sobre atuação da Polícia Federal que podem ser temas de redação
Segundo as investigações, contrabandistas chineses montaram um escritório do crime para ocultar valores ilícitos de quadrilhas.
“Escritório do crime” operado por chineses é investigado pela PF
Polícia Federal apura esquema de lavagem de dinheiro com criptomoedas que movimentou bilhões de reais
O nome de Jiamin Zhang, a esquerda, apareceu pela primeira vez em uma investigação de 2017, sobre o narcotraficante Marino Brum, a direita | Reprodução/PF
No sistema de inteligência da Polícia Federal, o nome do principal alvo da investigação consta como Hanran Guo. A identidade falsa foi assumida pelo chinês Jiamin Zhang para conseguir entrar legalmente no Brasil e se estabelecer no Brás, centro de São Paulo, bairro onde está a sede da empresa de importação da qual é proprietário. Os negócios dele, no entanto, vão além. De acordo com a PF, Zhang é o líder de um esquema de lavagem de dinheiro com o uso de criptomoedas que pode ter movimentado bilhões de reais.
O negócio operado por Zhang funcionava como uma espécie de instituição financeira paralela – chamada por agentes da PF de “escritório central dos chineses”. Movimentações financeiras de fachada eram realizadas para ocultar quem era os verdadeiros donos do dinheiro. Além das operações por dólar cabo, na qual o dinheiro é enviado para outros países sem o controle dos órgãos de controle brasileiros, também eram utilizados bitcoins.
A falta de regulamentação facilita a vida das organizações criminosas. “Como essas corretoras não têm nenhum compromisso com a questão da lavagem de dinheiro e não há regulamentação do Banco Central, alguns criminosos têm o conhecimento disso e utilizam da expertise para lavar o dinheiro de maneira mais fácil e longe dos olhos das autoridades”, explica Fabrizio Galli, delegado da Polícia Federal .
Foram identificadas 74 empresas ligadas a Zhang que podem ter sido utilizadas para ocultar a origem do dinheiro do crime. O nome do chinês apareceu pela primeira vez em em uma investigação de 2017 sobre a atuação do narcotraficante Marino Brum. Ele é acusado de trazer ao Brasil toneladas de cocaína vindas da Colômbia, Bolívia e Paraguai. Do território brasileiro, a droga era enviada para a Europa por portos da região sul do país. Parte desse entorpecente pertencia ao Primeiro Comando da Capital, a maior facção criminosa do país.
Mas, segundo a PF, não eram só quantias do tráfico de drogas que passavam pelas mãos da quadrilha de Zhang. Dinheiro obtido com a venda de cigarros contrabandeados do Paraguai e produtos falsificados vendidos na região central de São Paulo também eram convertidos em criptomoedas.
Relatórios produzidos pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) indicam que as empresas de fachada ligadas ao grupo de Zhang podem ter movimentado mais de 33 bilhões de reais. O chinês está preso e cumpre pena em regime domiciliar.
Assista à reportagem completa do SBT Brasil: